| Domingos Duarte |
Esta é a primeira exposição individual de D. Duarte. O que me toca em seu trabalho, de imediato, é a sensibilidade que se visibiliza, quase tátil, em seu mundo de coisas que se retraem de seu tempo real, para transparecerem em termos de imaginação e fantasia. Vejo aquele rosto que se cobre de uma bela máscara (o olho da máscara é mais exato) enquanto no fundo o casario e a paisagem se desdobram numa organicidade espontânea e convulsa. Em outra paisagem assoma aquele fascínio do quase vazio, um vazio lambido por um pincel que encrespa a tinta, que derrama texturas pulsantes com que resolve as faixas do céu e areia, coerentes com o cinza do muro e a brancura da parede da casa. Mas a emoção de D. Duarte faz saltar uma alegria de verdes, dilui uns róseos e azulados na linearidade do espaço resolvido, tudo isso com silencioso gosto de reflexão visual. Trata-se de um artista do qual pouca coisa se viu por enquanto, mas certamente de um artista marcado por uma vocação irreversível. A tinta, a cor, a tela, em suas mãos, retomam aquele sentido primordial de espaços onde se transmite a vida. A vida de hoje? de ontem? de dentro? de fora? A vida de sempre, com um instrumento que ele esta afinando, e com o qual criará não apenas uma profissão mas um destino.
By Walmir Ayala - 1976.
A estética da violência (em arte já foi dito, talvez, Glauber Rocha).
Muito maior que taxar uma violência de Estética, é relatar e anunciar a prematura morte de um dos maiores artistas deste país.
Domingos Duarte, aluno e seguidor fiel de Newton Rezende, contemporâneo e colega de Mauro Villar, Antônio Houaiss, Renato Fernandes, Clarice Lispector, Manduca (Filho de Thiago de Mello) - grande compositor que ilustrou a arte de Glauber Rocha, Luchino Visconti, Domingos Duarte! e muitos outros.
Domingos Duarte circulava bem entre a alta intelectualidade, sinal de que era um deles.
O Brasil perdeu, também é vítima, como também nós o somos.
Foi executado na porta de sua casa-ateliê no bairro de Santa Luzia, em Alcântara, São Gonçalo, Rio de Janeiro.
Que status! das crônicas e críticas de seus admiradores: Rubem braga, Augusto Rodrigues, Mauro Villar, Antônio Houaiss, Walmir Ayala, Roberto Pontual, Leo Cristhiano (e com certeza muitos outros que agora no calor da emoção não me lembro), para as páginas policiais de algum jornal de pouca audiência.
Será que estes infelizes sabem que executaram um artista? Que mataram aquele que induz o desenvolvimento, que é artífice da felicidade, da alegria e do belo?
Só é uma grande reação aquela que trata a arte como se fosse o sangue que corre em suas veias e não o desperdiça no calor do asfalto ou na poeira de uma maltratada rua de São Gonçalo.
Um crime de lesa-pátria, e, como tal, para ele deveria ser sumariamente usado o alcorão para repará-lo.
By Paulo Boardman
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