Bia Finkielsztejn - Pinturas

Entre o Céu e o Mar | 140cm ø (módulo maior) e 70cm ø (módulo menor) | Acrílica s/ compensado naval | 2007

Veladuras - Transparências - Sobreposições > Experiências processuais: pluribus in unum.

©Alexandros Papadopoulos Evremidis*

Quando uma obra me toca intima e profundamente, preciso a todo custo dela dizer, sob pena de me ver condenado e confinado ao desassossego e à insônia. Foi o que aconteceu nesses últimos dias: abarrotado de prioridades, fui postergando esta escritura relativa às impressionantes criações de Bia Finkiel... Em vão! Exigentes, elas não me deram trégua, exigindo a todo instante a sua exteriorização.

Diz ela estar ativa no design, ou dele ser egressa, mas, ao observar atentamente seus encantadoramente intrigantes trabalhos, salta aos olhos que o desenho aqui é mera função da pintura que toma liberdades inusitadas ao espalhar e macular e contaminar a superfície do suporte de modo expressivo e avassalador. De fato, esta sobrepujou e relegou aquele à categoria adjetiva, transcendeu seus limites naturais e suas intrínsecas limitações e assumiu plena e apoteoticamente a dianteira substantiva.

Está certo que há, nas criações de Bia, uma arquitetura de linhas e de formas, que cumprem um apriorístico papel de sustentação, mas ela não é regida por nenhum rigor, que a aprisionasse, nem precisão, que lhe subtraísse espontaneidade. E também ausente está a intenção de contornar, delimitar e caracterizar, pelo contrário, tudo conspira para a desmaterialização e a diluição de suas toscas representações, sejam figurativas sejam objetivas, umas e outras estranha mas engenhosamente entrelaçadas, às raias do hibridismo gênico. Largas e soltas passadas matéricas reduzem e abstraem e conduzem ao lugar secreto aonde todo artista almeja chegar - ao território dos sonhos e do imaginário, no caso, da cor pura expressando soberanamente as emoções irreprimíveis.

De fato, Bia, revelando a trajetória de seus procedimentos e a evolução de seu fazer artístico, se revela uma colorista de força - tal o impetus de seu cromatismo que se alterna entre áreas cobertas por camadas pictóricas densas e domadas nos limites do sombrio, e outras absolutamente etéreas e luminosas, plenas de nuances reflexivas, acrílicas no sentido literal do vocábulo, e fosforescentes, no estrito. São sem dúvida, pontos focais de intensa atração e sedução, com destaque para os seus verdes, vermelhos, azuis, dourados, que nos convidam a uma interação e nos inflamam os sentidos.

À guisa de contraponto, há essas sucessivas camadas de cor rala, quase aguada, que, a perder de vista, resultam em fundos de intensa agitação, tumultuados mesmo por uma dinâmica interna, como se ela radiografasse a matéria anima e também a inanimada e expusesse a atividade incessante do tecido substancial de cada um de nós, de par com a infinita teia energética, que une e serve de duto - ambas em estado de fluxo e refluxo, inquilinos de espaços exóticos e repletos de significação.

Bia é uma artista ousada e original. Não tendo em quem se espelhar, por instantes inventa e surpreende, torna-se um desafiador enigma e nos convida ao exercício do aprendizado, a ponto de hospedar pinturas dentro das próprias pinturas, como se desejasse ocultar e, a um tempo, enquadrar o âmago do que está atrás, além do perceptível, do cognoscível e do inteligível. Posso, agora sim, sossegado, dizer que Bia é detentora de um léxico cromático e de um sintagma estrutural personalizados e proprietários - a sua assinatura não se restringe a um cantinho, ele ocupa todos os espaços, deles se apropria, os transfigura e lhes confere status de entidades - sujeitos do ser, libertos do tempo. Tem, portanto, o perfeitamente dispensável aval.

Rio de Janeiro 2008

Alexandros Papadopoulos Evremidis = escritor crítico > Email



Fim de Festa | 2,00 x 1,20m | Acrílica e grafite s/ MDF | 2004




Primeiros Vestígios | 1,60 x 1,20m | Acrílica, grafite e transferência de imagem s/ MDF | 2004




Quase Zen | 1,20 x 1,20m | Acrílica e grafite s/ papel Kraft - MDF | 2001




Vá! | 1,20 x 1,20m | Grafite e acrílica s/ papel Kraft - Madeira | 2001-2008





Tohuvavohú I_O Caos | 1,75 x 0,70m | Acrílica e grafite s/ Tela | 2001





Abstratos da Urca 3 / Vitroimagem | 21,0 x 50,0m | Pinhole digitalizado s/ Vitroimagem | 2002





Desafiando a Gravidade_VAV VAV LAMED | 1,60 x 1,20m | Grafite e acrílica s/ Tela | 2002





Pintura Corporal / Têxtil | Aprox. 2,0 x 1,5m | Técnica mista/têxtil - Cabo de madeira | 1993





Pintura Corporal / Têxtil_detalhe | Aprox. 2,0 x 1,5m | Técnica mista/têxtil - Cabo de madeira | 1993



Fotos: divulgação


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©Alexandros Papadopoulos Evremidis = escritor crítico > Email
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